Meu (des)mundo.

Domingo me vi fazendo uma coisa que eu não havia ainda me imaginado fazer: encomendando uma coroa de flores. O vírus da COVID 19 nos trouxe muitas perdas, mas a pior dela é a perda de alguém que amamos. Nunca senti o vírus tão perto como agora. As últimas foram de agonia, e agora, de saudade. Embora eu ainda não consiga acreditar. Perdi alguém muito especial, alguém que estava na minha vida há décadas, alguém que fazia parte do meu dia a dia, da família @originipastificio e da minha família pessoal. Fico revisitando nossos últimos encontros antes das férias dela. E ainda tenho a sensação de que ela está de férias e em breve nos encontraremos no trabalho. Você vai fazer muita falta, Lu.

É cada coisa que a gente faz para dar conta de tudo, mesmo sabendo que não precisamos dar conta de tudo. . Qual o peso de ser mulher? Quais papéis fazem parte?  

É inevitável para mim ver livros do Sidney Sheldon e não me lembrar de um paciente especial que acompanhei durante meus anos na assistência domiciliar de crônicos. Idoso, acamado, cardiopata e com leve perda da audição, nossas visitas mensais domiciliares eram sempre através dos livros do Sidney Sheldon, que ele amava. Sempre que eu encontrava um livro do autor nos sebos do centro eu levava de presente para ele. Líamos juntos. Ele lia e me contava a história. Criamos um vínculo lindo através dos livros. O atendimento domiciliar proporciona momentos únicos, criamos um vínculo com paciente e com a família, aprendemos a dar escuta e suporte em ambientes não controlados e não isolados. Receber a permissão para entrar no lar de outra pessoa é muito importante e para mim, muito gratificante.